Rever estratégias e apostar no uso de novas tecnologias são formas de potencializar a produção agrícola. No caso da cana-de-açúcar, em que os insumos podem corresponder a cerca de 30% dos custos de produção, incluir inteligência artificial (IA) nos processos de manejo e identificação de pragas e doenças resulta em uma gestão mais objetiva e, consequentemente, em bons resultados.
Para debater sobre isso, a Taranis do Brasil, empresa especializada em monitoramento de alta precisão, realizou a segunda edição do evento Sinergia, este ano trazendo o tema “Seu olhar + nossa tecnologia: a melhor dupla contra as ameaças do canavial”. O encontro bianual, sediado em Ribeirão Preto (SP), na quinta-feira (5/9), contou com a participação de representantes de mais de 10 usinas.
Presente no encontro, o sócio-diretor do Pecege Consultoria e Projetos, João Rosa explicou que, em um processo de mudança como o que se vive atualmente, é importante que o produtor entenda a diferença entre custo e investimento: “O valor desembolsado em tecnologia está ligado à essencialidade e o investimento em melhorias. A adesão de produtos como herbicidas, inseticidas e fertilizantes tem como objetivo resultados melhores, assim como a inclusão de novas ferramentas, como a IA, na identificação de pragas e doenças, que possibilitam maior objetividade no uso de produtos de controle”.
Segundo o profissional, uma vez que “os insumos agrícolas correspondem a cerca de 30% dos custos de produção da cana-de-açúcar, o diagnóstico correto é o primeiro passo para uma gestão assertiva”. “Identificar todo e qualquer cultivo de uma determinada área possibilita o manejo eficiente, pois o controle de plantas daninhas melhora a atratividade e a lucratividade da lavoura”, frisa.
O mercado sucroenergético brasileiro, em desenvolvimento contínuo, é referência global em produtividade. Como mostram dados divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção nacional de cana-de-açúcar deve apresentar um crescimento de 10,9% na safra 2023/24, contabilizando cerca de 677,6 milhões de toneladas. Este cenário, de acordo com o consultor e proprietário da Agro do Mato, Marcelo Nicolai, pode ser ainda mais positivo quando são empregadas as ferramentas certas. “A inteligência artificial na identificação de plantas invasoras nos possibilita levantamentos essenciais para encontrar os caminhos corretos e como podemos agir para melhorar ainda mais, agregando e otimizando processos diários e a longo prazo”, pontua.
Atualmente, como detalha Nicolai, com a tecnologia da Taranis é possível ter acesso a até quatro amostras por hectare, com capacidade de identificação quase em tempo real, quando aviões mapeiam a área determinada. “Informação é dinheiro e ter acesso a ela de forma tão breve permite corrigir a rota e se antecipar a grandes problemas, como o mato. Ele, sim, é caro”, reforça.
De quem entende para quem precisa
Para o Diretor Executivo da Tereos, Carlos Martins, a Taranis, empresa israelense referência em assistência agrícola com IA, está reinventando a agricultura com tecnologia, possibilitando que usinas do Brasil, Estados Unidos e algumas regiões da Europa reduzam a matocompetição, também tenha mais informação para controle de doenças e deficiências nutricionais.
“Controlar e monitorar a nossa capacidade de erradicar plantas daninhas, assim como saber identificar a espécie de cada uma delas para melhorar a qualidade da recomendação, evitando decisões equivocadas na ponta, é a chave para nos ajudar a ganhar produtividade. Essa é uma ferramenta importante para isso”, afirma.
Na prática, como destaca o coordenador de Produção e Tratos Culturais do Grupo Pedra, Rene Pereira, cada real investido na plataforma pode gerar uma economia de R$ 2,50. “Ao identificar as áreas mais afetadas, podemos readequar a vazão dos pulverizadores e alternar a dose de herbicida dentro do talhão, agindo de forma estratégica”.
Segundo o Gerente de Tratos Culturais Corporativos da BP Bunge, Germano Souza, o trabalho a longo prazo também permite o desenvolvimento de um histórico, o que possibilita a prevenção de novas infestações pontuais ou generalizadas, aprofundando análises a curto, médio e longo prazo. “A gestão da matocompetição sempre foi um gargalo na produção de cana-de-açúcar, pois tínhamos grande dificuldade em localizar, de forma eficaz, as áreas infestadas e quais as plantas daninhas presentes. Isso mudou com a chegada da Taranis”, destaca Souza.
Retornos como esses, de acordo com o gerente geral da Taranis, Fábio Franco, mostram como a representatividade amostral dos dados é essencial para o futuro do setor. “Com os nossos serviços, executamos o entendimento dos canaviais com velocidade e precisão, oferecendo em menos tempo dados com uma metodologia confiável e representatividade que resultam na identificação de mais de 70 espécies de plantas daninhas. Esse é o futuro”, afirma Franco.